quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Estrelas do céu


Eu sempre amei as palavras.Desde que aprendi as ler, nenhuma me passava despercebida.Tive a sorte de ter uma professora maravilhosa na terceira série, que me apresentou O menino do dedo verde.Com certeza, isso mudou minha vida.
Mas então, depois de centenas e centenas de livros, eu descobri que eu gostava de escrever também.E depois de alguns 10 em redação, eu descobri também que era boa nisso.Só que eu tinha uma vergonha enorme disso, das minhas palavras.Não queria que as pessoas tomassem conhecimento delas, por medo de não gostarem.
Aos poucos, eu fui descobrindo que pra tudo na vida, haverá pessoas que te critiquem, que não gostem das coisas que você faz, e estão no direito delas, desde que não hajam de forma muito radical em relação a você.E então um "anjo" de olhos azuis e sorriso fofo me deu uma oportunidade, que me mostrou que eu tinha sim, que dar uma chance pras minhas histórias.
E aqui estou eu.Escrevendo.Sei que pode ser que ninguém leia isso, mas ta aqui, disponivel pra qualquer um.Pra quem sabe encantar alguém.Fazer feliz, tanto quanto me faz.Porque as palavras me fazem feliz.Confesso que nem sempre as minhas são totalmente sinceras, mas as pessoas cometem erros.E eu to tentando viver a vida que eu quero.Agradecendo a quem se importa com as coisas que escrevo.Porque isso significa tudo pra mim.
Palavras são as estrelas do meu céu.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Diário perdido


Capítulo VI

Universo

Quando levantei na manhã seguinte, minha mãe estava na cozinha, preparando um café.Aliás, o café dela é o meu favorito.Em alguma coisa ela tem que ser boa.
-Oi filha.Nem vi que você tava em casa.
-Claro que não.Quando você chegou eu tava velha na cama.
-E então, o que fez de bom ontem?
-Sai com o Guto.
-O do clube?
-Esse mesmo.
-Ainda ele?
-Mãe, eu não sou tipo nenhuma puta, ta bom?
-Filha, você sabe que eu não quis dizer isso.Só que eu acho que você é muito nova pra se prender a alguém.
-Mãe, eu não to me prendendo em ninguém,ta bom?
-Certo.
Peguei uma xícara de café e comecei a comer uma torrada.
-Não tenho a mínima idéia do que fazer pro almoço.O que você acha da gente ir pro shopping?
-Adorei.
Fazer compras com a minha mãe é simplesmente ótimo.A gente se diverte tanto!
A gente comprou de tudo.Coisas pra casa, roupa,sapato...
Almoçamos e nos entupimos de sorvete,rindo muito de tudo.É,compras seguido de sorvete tem um efeito sobre nós idêntico ao do álcool.Experiencia própria.Ja tomei um porre com a minha mãe.Obvio que voltamos de táxi.Foi extraordinário.
Logo depois que chegamos em casa, o Guto me ligou.Impressionante como no MSN a gente trava...Já no telefone, tagarelamos sobre tudo,sem parar.
Desliguei e fui tomar banho pisando nas nuvens.



Capítulo VII

Buscando você em minha mente

E o tempo foi passando.Entra semana,sai semana,eu e o Guto fomos nos vendo, se falando.Cada dia eu gostava mais de estar com ele,do jeito que ele me tratava.
Um dia desses,ele me ligou.Disse que precisava me ver.Disse que a gente podia se encontrar no clube.Feito.
Já lá, a gente ficou conversando sobre tudo.Ele falava comigo olhando nos meus olhos, não largava a minha mão, ouvia tudo o que eu falava.E o jeito que ele me olhava então...Foi ótimo.Ele pegou a câmera que tinha levado junto, e a gente começou a tirar foto.Tiramos um monte, e cada vez a gente ria mais.
Até que começou a chover.Bem de boba, soltei no ato:"Vamos tomar banho de chuva?"Doido que é doido anda com doido.Claro que ele aceitou.
Preciso fala que isso foi divertido demais?
Ficamos la, rindo,correndo, no balanço...
Pena que chegou uma hora que o clube fechava e a gente teve que ir pra casa, ensopados mesmo.
Ele prometeu mandar as fotos assim que passasse da digital, e mandou mesmo.
Fiquei olhando elas, até que reparei em uma e tive que imprimi.Com ela nas mãos, mentalmente criei uma legenda super apaixonada:"Ele estava de pé,e suas mãos enrolavam a cintura dela, como se a segurasse.Boa parte do rosto dela estava enterrado no peito dele,mas o sorriso estampado no rosto de ambos brilhava tanto que era impossível não ser notado"
Ah, eu sou uma perfeita idiota.
Naquela madrugada, tipo umas 4 da manhã eu acordei assustada, com meu celular vibrando.Um torpedo dele.
"To indo dormi.se te acordei,dsclpa,mas era essa a intençao.pra vc sb que eu to pensando em ti, e que só vc me faz feliz.boa noite,minha linda."
Valeu a pena o susto.Amei o jeito que ele disse que era importante me lembrar em qualquer momento que eu faço ele feliz.Até porque, eu também acho,vejo,escuto,sinto isso.Com toda intensidade possível.


Capítulo VIII

Agora eu sei

Eu aprendi uma lição, que acho que vou levar pra vida toda: a gente pode levar meses para construir e colocar forma em um sentimento, e ai bate uma coisa estranha no peito que destrói isso em muito pouco tempo.
Acabei de tomar banho, e to fazendo uma coisa bem incomum para um sábado: eram apenas três da tarde quando fui pro quarto, coloquei o pijama e me enfiei debaixo das cobertas.
E assim passei por horas.
Pensando.
Lembrando.
Tentando entender.
Pensando em tudo o que eu vivi. Foram momentos tão lindos, tão fortes. Lembrando que programas simples como tomar um sorvete serviram para me fazer me apaixonar pelo Guto. Do efeito que as palavras, os olhares, os momentos com ele provocavam em mim até... Ontem, anteontem?Lembrando que o simples toque dos dedos dele nos meus faziam energizar todo o meu corpo.
Tentando entender por que acabou. Tudo corria bem, perfeito, até que eu percebi que tinha acabado tudo. Perdeu o sentido, a explicação para mim.
O que mais dói foi ter de dizer isso a ele. Afinal, o que é pior: ficar com quem não gostamos mais e iludir ele ou acabar precocemente o que pra ele ainda não acabou?
Porque ele significou muito pra mim. Ainda significa. Tudo o que eu passei com ele eu vou levar pra sempre. Ele foi o primeiro menino que eu gostei de verdade. E dói pra mim também não gostar mais dele. E se dependesse só de mim...
Por que tem que ser assim?
Espero que eu aprenda a lidar com isso.Que um dia eu volte ao normal.Que eu esqueça o rosto de dor que o Guto fez. Quero esquecer o meu próprio rosto e coração quando eu olhei pra ele daquele jeito.Espero que eu esqueça disso tudo, e fique só com as coisas boas.
Esperando, inutilmente, que eu nunca passe por isso.



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O melhor da vida


Algumas noites, aqui estou e ouço ao fundo a novela das nove.E ao ver aquelas crianças com a infância roubada, largadas naquele lixão,sujeitas a todas as coisas ruins que tem no mundo, eu me transporto para a minha própria época de criança.
Nunca tive uma casa na árvore muito menos abri a porta de um guarda-roupa e dei de cara com Nárnia.Nunca sempre tive tudo o que quis , mas sempre fui feliz.
Desde novinha, as pessoas da minha casa se acostumaram a me ouvir conversando sozinha.Desde que aprendi a ler, uma simples brincadeira de casinha se transformava num drama, onde as pessoas tinham passado, presente e futuro, em que tudo tinha um porque, uma razão.
Depois, descobri o poder da amizade.Jogava bola, brincava de esconde esconde, ficada até oito horas da noite na rua e ninguém corria o risco de uma bala perdida.E agora, anos depois e sem mais ver metade daquelas vizinhas que fazem parte das minhas memórias,eu vejo o quanto elas foram essenciais para mim.
Eu achava que crescer seria bom.Que eu teria um romance daqueles de novela, queria publicar meus livros, ter minhas coisas.Mas agora, eu vejo que eu era mais feliz antes, quando um banho de piscina de mil litros era o melhor programa da tarde, e o grande evento de sábados a noite eram posões e conversas sobre o então protagonista da malhação.E vendo algumas meninas de hoje, que perdem a sua beleza inocente com quilos de maquiagem e aos 12 já pegaram metade da cidade, eu vejo o quanto minha mãe fez bem em impor limites pra mim.Porque eu posso dizer com toda a certeza que vivi tudo o que tinha direito, e que o melhor da vida é ser criança.

“Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Just Breathe


"O que te faz falta?"
Li essa pergunta e me veio milhares de coisas em mente...então lembrei da pessoa que eu costumava ser.O que restou além dos óculos e dos cabelos temperamentais?
Lia três horas por dia e escrevia por mais três.Vivia no mundo dos sonhos, pensando nos meus garotos imaginários.E de um ano pra cá, resolvi viver minha  realidade e dar espaço para meninos reais.
Sorri,fui feliz, fiquei com marcas e me decepcionei.Não só com as pessoas, mas comigo mesma.Ultimamente só respiro e vou vivendo automaticamente,tentando ignorar certas coisas, passar por cima de outras tantas e esperando as cicatrizes fecharem.Se eu sorrio? Sim. Não dizem que o que os olhos não veem o coração não sente?Então,ninguém precisa saber do que se passa dentro de mim.
As vezes me parece tão bom ficar deitada, sonhando.Sem ter que encarar o mundo real e seus problemas.Mas a gente tem que colocar o edredom de lado, respirar fundo e levantar, começar de novo,todos os dias, nem que não seja do jeito que a gente quer.Algumas coisas dão raiva, dor, arrependimento,angústia.Eu choro.As vezes, alivia, outras,piora.
Mas a gente tem que recomeçar.Não importa o que passou, e sim o que ainda pode ser feito.Decidi ficar sozinha, confiar somente em poucas pessoas, sair, me cuidar, rir, e escrever.Porque essa é a minha salvação.Minhas palavras sempre serão o melhor pra mim.Se eu não fizer de tudo pra ser feliz, quem fará isso por mim?

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Diário perdido

A pedidos da Maíra,minha linda ♥

Capítulo III

Querer voar

Bom dia mundo,bom dia viida!
Ah,hoje eu acordei tão feliz.Levantei e o dia já tava pela metade,comi qualquer coisa e fiquei por ai, sem fazer nada...
É tão gostoso não ter que me preocupar com nada!
Bom,na verdade tem a minha mãe.Ontem ela me deixou em casa e nem sei para onde foi.
Ah,mas deixa eu ficar pensando na parte boa de tudo...
Fiquei com um menino muito lindo ontem.Sabe que, agora pensando,eu não lembro o nome dele...Mas foi tão bom.Ele é tão legal...tudo foi muito legal.
É tão bom poder conhecer alguém,gostar da companhia e tal,mas não se apegar,não criar uma relação.
Mas toda essa liberdade não chega a tanto.Eu não saiu ficando com qualquer,assim, vários na mesma hora.Não, prefiro assim,aproveitar bem cada pessoa que entra na minha vida.Mesmo que seja só por duas horas.
Ai, a chata da Isabel acabou de me ligar.Disse que ta saindo com um menino lindo,olho azul,estilo príncipe encantado.Ficou me falando o quanto ele gosta dela...Depois me pediu desculpa, porque "você não ta com ninguém".Cobra.To pouco me importando,quero só ver até quando dura esse amor todo.
Minha mãe acabou de chegar.Não sei nem como ela lembrou onde morava.Eu sou a prova viva da "responsabilidade" dela.
Ah, ela e a Isabel devem ta combinadas de estragar meu dia, só pode.
Quer saber?Dane-se.



Capítulo IV

Mais

Ah, esse final de semana ta tão bom...
Ontem a noite foi tão boa, e hoje, to eu aqui com o Guto, no clube.
Ele é o primo do Marcelo, um garoto que ta sempre por aqui.Conhecia já ele, mas sempre o achei muito metido.
De manhã, eu já tava por aqui quando eles chegaram.Ficamos jogando sinuca enquanto conversávamos.Descobri que eu gostava do jeito dele.
Então, de tarde fomos pra piscina.E eu fiquei com ele.
Conversamos de tudo, e ele até riu da minha mãe,mesmo eu com vontade de mata-la.
O chato é que eu tive que aguentar o Marcelo todo tempo,sabe, não sei como ele conseguiu segurar vela, mesmo naqueles momentos de love total, de juras de amor eterno e incondicional(mentirinha,passou bem longe disso).
Mas mesmo assim.
E ele foi tão fofo, o tempo todo.Prestava atenção no que eu falava, e não ficava olhando pra aquelas meninas de biquíni ao redor, que tinha aos montes.Na hora de ir embora, ele me deu um abraço e me beijou na testa.Pediu meu MSN.
Sabe, gostei.



Capítulo V

Salto 15

Eu achei, sinceramente, que o Guto não ia me adicionar no MSN.Ah, sei la, pediu por pedi, como todo menino faz, eu pensei.
Ta, mas eu tava enganada.
Quando eu vi, tinha um Augusto Morais me adicionando.
Dai, a gente começou a conversar...
Não, a gente não começou a conversar.
Rolou um oi, tudo bem, coisa e tal por uns dois dias.Então ele pediu meu número.
Dai sim a gente começou a conversar de verdade.
Ele me ligava e a gente passava um tempão falando besteira.
Até que ele pediu pra me ver.A gente saiu, nos entupimos de batata-frita e rimos muito.
Não eram onze horas daquele sábado ainda quando a gente foi pra uma festa.Era numa boate, e era livre, e a gente sentou e ficou bebendo refri.
Consegui derrubar boa parte do que tinha no meu copo no chão,e veio um cara, com uma garrafa de cerveja na mão.Quando eu olhei, ele ja tava no chão, deitado, com uma cara de vergonha.Até tentei segurar, mas acabei rindo.Muito.
Pegamos um táxi e ele me deixou na porta de casa, com um beijo.
Passei no quarto da minha mãe, inutilmente, ja que era obvio que ela ainda não tinha voltado.
Então fui pro meu próprio, meio abobada.Porque eu tava ficando...apaixonada.