domingo, 26 de maio de 2013

Contando estrelas


Contar as estrelas do céu numa noite qualquer, deitados lado a lado só observando a imensidão do céu e ficar até o dia clarear para ver a Lua dar espaço lentamente para o Sol, triunfante e soberbo, ocupar o seu lugar de direito no céu perfeitamente azul. 
Ah, como eu queria achar um alguém por ai. Um alguém que elogiasse a cor dos meus olhos, e dissesse que ali se perdia imaginando nós dois velhinhos em uma varanda, de mãos dadas. Queria um alguém que saísse por ai abraçado em mim, e que se orgulhasse em dizer:ela é minha! Não pelo sentimento de posse, mas pela certeza do carinho que existisse entre nós. Ah, como eu queria alguém que compartilhasse comigo daquela corrente elétrica que só existe entre duas pessoas que são completamente alucinadas uma pela outra.
Ah, como eu queria alguém que gostasse do meu jeito, que brigasse pelas minhas manias ruins mas que adorasse minhas qualidades e manhas. Que brigasse comigo! Sim, que brigasse comigo, que se irritasse, que discutisse, mas que no fim nós dois acabássemos abraçados por saber que tudo dá certo quando os dois se empenham pelo bem estar do casal.
Ah, como eu queria encontrar alguém que soubesse dos meus sonhos, que acreditasse que eu era capaz de realizá-los e que diariamente me desse forças para continuar. Que fosse capaz de largar tudo, colocar umas roupas numa mochila e me levasse viajar, conhecer um lugar encantador que me inspirasse para as minhas histórias...Ah, como eu queria alguém que fosse o protagonista da minha história, o meu Cara, meu príncipe, a realidade de tudo aquilo que eu não vivo, mas que eu transformo em palavras, na esperança de um dia, quem sabe, encontrar. O amor.


sábado, 4 de maio de 2013

Quando o pra sempre acaba



Era uma segunda-feira nebulosa quando eu te conheci, meu amor. Você me apareceu atrasada naquele curso pré-vestibular, com as bochechas redondas todas vermelhas. Quando entrou na sala, timidamente sorriu e revelou uma covinha no lado esquerdo do teu rosto, exatamente onde havia uma pinta. Sentou na minha frente e logo prendeu teus cabelos cheios de cachos nas pontas. Tuas mãos eram pequenas e delicadas, e logo você se pôs a fazer anotações. Espie por cima do seu ombro e achei na sua agenda uma letra redonda e  pequena, combinando perfeitamente com as tuas mãos. Cada vez que você erguia sua mão para tirar alguma dúvida ou fazer uma observação, sua voz saia firme, e teus argumentos, totalmente coerentes e inteligentes. Eu soube que você era diferente, soube que era especial.
É meu amor, cada vez que você olhava pra mim, algo acendia. Cada vez que você conversava comigo, eu me encantava com tua voz. Eu decorei tuas manias, teus traços, teus jeitos. Decorei teus gostos, teus defeitos, tuas preferencias e os teus sonhos.
E aos poucos a gente foi se desvendando, se gostando. Todas as manhãs a gente se via, todas as noites a gente se mandava boa-noite. E quando meus olhos se fechavam e eu mergulhava nos meus sonhos, era você a protagonista das histórias que minha cabeça cria cada madrugada.
A gente conversava sobre o futuro, sobre o que queríamos da vida, e quanto mais nós convivíamos, eu via que queria você nele, atuante, participando da minha vida.
Então meu amor, eu te beijei. Lembro como se fosse hoje: era na sexta-feira, e eu sabia que você ia para a casa da sua tia, e eu não te veria pelos próximos três dias... te beijei, e você me beijou. Senti algo que nunca havia sentido, uma alegria imensa, como se havia realizado o maior sonho da minha vida.
Assim os dias foram passando, e o sentimento só crescendo. Conheci teus pais, você foi na minha casa, alteramos os relacionamentos nas redes sociais. É meu amor, eu que nunca parei com ninguém, estava namorando, com a morena mais linda que eu já vira.
Você conquistou meus amigos, eu me dei bem com as tuas melhores, e a gente foi indo, dividindo tudo. O curso acabou, o vestibular chegou, e a gente comemorou junto, quando passei para Engenharia e você para Psicologia. Os semestres iam passando, eu comecei a trabalhar, e você conseguiu um estágio.
Tudo ia tão bem meu amor... A gente se formou, e tinha planos, sim, a gente tinha tantos planos...
Eu já morava sozinho, e seus pais me amavam... você queria uma menina, e eu queria ser o pai dos teus filhos. 
Eu amava você, quando tu me acordava pra te levar pro hospital, mesmo uma hora antes do horário que eu tinha que acordar... eu te amava quando tu parava em frente ao fogão, com o cabelo preso e bagunçado, fazendo comida pra gente... eu te amava quando você chegava em casa cansada, e tudo que queria era descansar no meu peito.
Porque meu amor, eu sempre quis ser teu porto seguro. Me orgulhava da tua independência, mas queria que você soubesse que podia contar comigo. Me irritava com teus defeitos, mas tuas qualidades os superavam. Mesmo quando brigávamos, sempre, um cedia um pouco e tudo ficava bem.
Sim meu amor, era amor. E eu tenho certeza que teria sido amor para sempre, até o fim dos nossos dias. Sabia que a gente construiria uma família, e íamos envelhecer juntos, assistindo nossos filmes de terror e comendo pipoca doce.
 Eu sei ainda que é amor.Você se foi meu amor, naquela noite. Sim, teu coração, que você dizia que batia por mim, parou naquela noite. Mas eu sei que enquanto ele seguia seu ritmo, você me amou.Doeu, doeu de um jeito que nunca nada havia doido... eu perdi o pedaço mais importante da minha vida, a memória mais colorida, o sentimento mais verdadeiro.
Não meu amor, eu não pude dizer adeus, e nem teria dito se tivesse a oportunidade. Nós perdemos nossa chance de viver juntos para sempre, perdemos a chance de realizar cada um dos nossos sonhos, um ao lado do outro. Mas eu sei que meu amor por você continua vivo dentro de mim, e você olha por mim ai de cima.Um dia Deus vai nos juntar de novo, e ai sim meu amor, eu vou voltar a ser realmente feliz. Eu já não choro mais, e eu sei que é porque dai você alivia minha dor...mas meu amor, minha vida não existe sem você, e ninguém vai ocupar o teu lugar no meu coração.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Acreditar


Era um sábado a tarde, em plena primavera. Seus amigos não apareceram, então ele deixou o videogame de lado e foi andar de bicicleta no parque.
Mais tarde, cansado, sentou na grama e ficou olhando pra copa das árvores, agora floridas.
Nunca foi de pensar muito na vida. Era um dia depois do outro, aquela rotina mais ou menos programada, os mesmos lugares, os mesmos amigos, tudo igual sempre.
Ele deitou, e ficou pensando naquele vazio que vinha sentindo. Parecia que estava faltando alguma coisa, que ele estava sempre a espera de algo, como se tivesse algo marcado pra determinado dia e esse dia nunca chegava.
Levantou a cabeça, tirando umas folhas do cabelo, e então viu. Há uns dez metros, num banco branco, estava ela. Seus cabelos dourados logo abaixo dos ombros emolduravam um rosto branco e fino. Ela vestia um vestido de alças azul marinho, e estava com um livro apoiado no colo e um girassol pousado ao seu lado.
Compenetrada na leitura, ela parecia ter saído dos seus sonhos. Calmamente, ela colocou uma mecha atrás da orelha logo depois de virar uma página. O que será que ela lia?
Ele não sabia por que, mas havia algo dizendo para ele se aproximar. Queria saber o seu nome, onde morava, seu passado, queria saber o que se passava no seu coração.
Desejava saber das coisas que ela gostava, se ouvia músicas antes de dormir ou se já havia lido os mesmos livros que ele... havia algo na atmosfera que o avisava que ela era especial, era diferente de todas as outras.
Então, entre um pensamento e outro, lentamente ela ergueu a cabeça e ele pode ver aqueles enormes olhos verdes olharem para ele, e quando finalmente aquela boca se abriu, formando um sorriso, algo embaixo dele o incomodou e ele se descobriu abrindo os olhos, com a cabeça ainda repousada no chão. Rapidamente, ele se levantou e olhou para o banco, mas nada nem ninguém estava lá.
Por mais louco que parecesse, ele sabia que não era apenas um sonho. Ele sabia que ela existia, e que ela estava em algum lugar, esperando por ele. Quando ele se levantou e pegou sua bicicleta encostada na árvore, descobriu ao lado dela um girassol, despropositadamente ali, largado ao chão, mas que para ele, servia de sinal.