segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O melhor da vida


Algumas noites, aqui estou e ouço ao fundo a novela das nove.E ao ver aquelas crianças com a infância roubada, largadas naquele lixão,sujeitas a todas as coisas ruins que tem no mundo, eu me transporto para a minha própria época de criança.
Nunca tive uma casa na árvore muito menos abri a porta de um guarda-roupa e dei de cara com Nárnia.Nunca sempre tive tudo o que quis , mas sempre fui feliz.
Desde novinha, as pessoas da minha casa se acostumaram a me ouvir conversando sozinha.Desde que aprendi a ler, uma simples brincadeira de casinha se transformava num drama, onde as pessoas tinham passado, presente e futuro, em que tudo tinha um porque, uma razão.
Depois, descobri o poder da amizade.Jogava bola, brincava de esconde esconde, ficada até oito horas da noite na rua e ninguém corria o risco de uma bala perdida.E agora, anos depois e sem mais ver metade daquelas vizinhas que fazem parte das minhas memórias,eu vejo o quanto elas foram essenciais para mim.
Eu achava que crescer seria bom.Que eu teria um romance daqueles de novela, queria publicar meus livros, ter minhas coisas.Mas agora, eu vejo que eu era mais feliz antes, quando um banho de piscina de mil litros era o melhor programa da tarde, e o grande evento de sábados a noite eram posões e conversas sobre o então protagonista da malhação.E vendo algumas meninas de hoje, que perdem a sua beleza inocente com quilos de maquiagem e aos 12 já pegaram metade da cidade, eu vejo o quanto minha mãe fez bem em impor limites pra mim.Porque eu posso dizer com toda a certeza que vivi tudo o que tinha direito, e que o melhor da vida é ser criança.

“Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze

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